quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um momento de filme

Por muita desilusão que estas palavras possam trazer a certos amigos que em apostas entraram, ainda não foi desta que fui preso. PONTO.

Existem momentos que valem a pena recordar, este não é um desses momentos, mas por uma questão de curiosidade e para mostrar que nem tudo são rosas nestas minhas andanças, vou contar aqui um pequeno episódio. Que este episódio não deixe alguma alma mais preocupada por amor de deus. Declaro-me completamente inocente em qualquer situação em que seja inocente – como esta!

Era a noite de dois de Novembro a caminho do dia três de Novembro do ano de Cristo de dois mil e nove quanto tudo se passou. Poderia começar por dizer que era uma vez, mas esta vez espero que não seja mais por isso o era uma vez passa a vez ao foi uma vez, por volta das dez da noite, em casa estava muito sossegado quando recebo um telefonema para ir a um tasco aqui ao lado jogar um pouco de bilhar e beber uma cerveja. Como o trabalho diário estava marcado para começar às duas da tarde do dia seguinte, aceitei o convite sem hesitar. Eu e o outro, de seu nome Alejandro Nava lá fomos ao tal tasco que tanto me parecia português. Meia dúzia de velhotes na conversa diária dos factos mais relevantes da vida de cada um, sentados à volta de uma mesa com a sua individual cerveja na frente; três rapazes à volta de uma das seis mesas de bilhar que ali existiam; dois empregados à espera do terminar do dia que nunca mais se aproximava; bandeiras, cachecóis, objectos de recordação, de decoração, mesas de tampo em pedra e pernas em ferro (não maciço claro) e mais uma série de parafernália penduradas nas paredes ou tecto ou apenas pousadas no balcão; um lugar familiar!

Nós, lá ocupamos a nossa mesa, pedimos as duas cervejas e jogamos um bom momento de bem-estar até ser hora do tasco fechar – meia-noite e hora de mudança de dia. Não satisfeitos ainda, compramos meia dúzia de cervejas e paramos na puente como é conhecido o miradouro ali ao lado com uma vista de luzes e luzes e pontinhos de milhares de luzes que é Caracas de noite. Por ali ficamos um bom tempo na conversa que tinha como tema predominante o “disparate de politica” de Hugo Chavez e que ficará para uma crónica futura, que espero ser em breve mas que não hoje que hoje joga o Glorioso e um gajo não pode perder tal acontecimento.

Terminada a meia dúzia de cervejas, que dividida por dois deu três a cada um de nós que éramos dois, lá começamos a descer a colina de Vista Alegre em direcção à minha temporária casa. Numa curva mais apertada do que noventa graus e com a intercepção de outra calle, saí uma motorizada que nos começa a seguir. Sem lhe dar importância lá seguimos o nosso tranquilo caminho, até que. Até que reparamos que a tal motorizada nos seguia independentemente das estreitas ruas pelas quais seguíamos. O meu companheiro de sobrenome Nava, com a sua já treinada mentalidade pela negatividade dada pela delinquência em tal país, pensou logo tratarem-se de dois malandros (eram dois os da motorizada) que nos seguiam com intenções que agradáveis não seriam com certeza. Com tal pensamento na cabeça começamos a fugir, a tentar escapar da moto e em direcção ao posto de polícia de Vista Alegre. Este estava fechado e com a motorizada sempre por detrás de nós continuamos a andar, sem qualquer tipo de paragem até ao momento em que a nossa paragem foi obrigada por outra motorizada que nos cortava o caminho. Esta sim, estávamos certos que era da polícia e então o carro é parado para logo a seguir ver chegar a motorizada que nos seguia com outra atrás de si mas de luzes desligadas (que não demos por ela). Eram então seis polícias de volta do carro. A partir daqui foi o fim do mundo! Pelo menos para mim que nunca na minha ainda curta vida me deparei com tal pânico – dos polícias e meu inclusive. Ao desmontar das motorizadas, aqueles gajos sacam-me das suas pistolas, armam-nas e com elas apontadas a nós começam aos berros para sair do carro, que nós de braços no ar e a dizer que não tínhamos nada lá saímos do carro. Fomos os dois encostados ao carro, mãos no mesmo, revistados até ao nosso ínfimo mais interior (digo interior da forma mais literal que existe que é esta das palavras), insultados até ao nosso pior defeito (eu juro que não tenho metade dos defeitos dos quais me apontavam – inclusive o da pistola estilo SS), para novamente sermos revistados e novamente que eu fui revistado três vezes (um dos policias estou seguro que encontrava prazer no que fazia). Eu, sincero, que depois do pânico inicial de ver uma arma apontada ao carro fui tomado por uma enorme calma e com essa mesma calma lá fui dizendo no meu enrolado castelhano e acompanhado pelo perfeito castelhano do meu amigo que pensávamos que eram malandros que nos seguiam e por isso o medo de tal motorizada, fomos dizendo que eu estava de férias e que não tínhamos nada. “Droga?” “Não, não temos señor polícia!”. Com a revista às nossas pessoas e ao carro a terminar, lá veio o pedido de Cédula de identidade por favor. E eu que não tinha, claro, que só tinha o passaporte e que o mostrei e que juro por sei lá o quê, que a partir daí tudo foi mais fácil e que lá nos deixaram ir tranquilamente sem demais consequências. No final das contas ficou uma história para contar e um aviso (enorme) para ter em conta. E eu que tão cuidadoso com os avisos, que nem os tenho senão das bocas que viveram os avisos. O cuidado nunca é pouco e agora está re-re-re-re-redobrado.

Só mesmo para deixar um conto que quase pareceu de filme mas que a mim não me pareceu nada de filme. PONTO.

6 comentários:

  1. Estava sempre ancioso por ler aquela parte do genero dos filme -"ele disparou a eu acordei no dia seguinte numa casa de campo com uma moça a cozer-me, depois de tirar aquele pedaço de aço do meu peito, seguidamente beijou-me e executamos ou elaboramos um bocadito de amor" ou " ele disparou e eu fui com o caralho"
    Pena.. Pena mesmo...
    Gostava de ter lido a segunda versão.. Mas sem qualquer tipo de nervosismo aguardo melhores noticias..
    Ass: Lindo

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  2. O policia consegui revistar-te??
    Faço esta pergunta porque tu de certeza estavas todo cagado e devia ser um cheiro a merda...lol Teve coragem o policia.
    E essa estória de ir beber cerveja para um miradouro... hummm, cheira-me a romance, loolll
    Abraço

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  3. Oh GIL, no meio de tanto panico não sabias dizer;

    BENFICA...BENFICA?

    Enfim...!

    LOL, grande abraço, REDSTAR

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  4. Até que em fim que alguém me dá um conselho que se aproveite!!!! Red Star, meu companheiro de cor e amor, realmente falhei! Pois com a época de limpa sebos que estamos a fazer, estou seguro que os policias se ajoelhavam perante a grandiosidade de tal nome!!! Eu só queria poder estar na terra de Cesar para poder presenciar a azia de alguns amigos, nomeadamente o das canas, o do justo, do luis do noé mas principalmente do cabeça de alguma coisa!!!

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  5. olha olha o gajo que diz que está surpeendido de eu ainda nao ter apanhado no focinho e já anda com filmes na terra de Hugo keys.... Devias de ter levado no lombo. vai dando mais noticias dessas que disso eu gosto.
    abraço.

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  6. Oh Mansores Mansores não és terra pouca,
    És o melhor clube da terra de Arouca,
    Do nosso Concelho, do nosso Distrito,
    Vamos lá Mansores, vamos ganhar isto!!!
    LaLaLaLaLa..LaLaLa...LaLaLaLaLa..LaLaLa

    Ass: Macaco de Mansores

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