segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"Adios" Venezuela - Que venha agora a lingua portuguesa do Brasil!!!

Neste espaço, Venezuela não está ainda encerrada já que as palavras de despedida deste pais que me acolheu meio ano ainda têm que ser transladadas para letras à máquina como se dizia na primeira classe. Parto hoje às três e quarenta e cinco da tarde em direcção a Manaus no norte do Brasil e conhecida como a capital da Amazónia. Espera-me uma cidade com ainda todo o seu esplendor colonial, uma cidade perdida e o maior foco industrial do Brasil (!!!!!!). Conto chegar quarta-feira ao fim do dia a Manaus e entre Caracas e Manaus aguarda-me, Santa Elena do Uairén com a Gran Sabana pelo meio, fronteira e Boa Vista e por fim Manaus.

Estou aos pulos, em pulgas e de ritmos cardíacos elevadíssimos.


A aventura continua!

Até já malta!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

NATAL 09- Passaporte roubado, Praia, Cabeça Rachada, Baseball, Avestruzes, 31 de Dezembro de 2009 e mais praia

Penso na relevância destas ultimas andanças, encontro-lhe pouca relevância senão a das pessoas, do convivio diferente de diferentes pessoas. Mas que digo eu afinal? Este é no final de contas toda a relevância possivel em algum acontecimento por mais irrelevante que seja o acontecimento! Gosto e continuo a pensar que no final de contas, tudo somado e tudo tem a sua relevância!

Começando pela cronologia dos acontecimentos inicialmente acontecidos falo brevemente de um passaporte roubado e que não é mais do que o meu próprio passaporte, carimbado em Marrocos, Curaçao e Venezuela, poucos carimbos ainda mas sempre especiais. Marcas de uma ou outra viagem que sempre especial. Uma outra normal noite na companhia de uma outra normal señorita, duas cervejas ao balcão e o casaco nas costas da cadeira, uma ida à casa de banho da minha companhia e o casaco com o dito passaporte metido em si ali sozinho nas costas da cadeira à minha espera que quando cheguei já não havia casaco, não havia passaporte e apenas o vazio da minha ilegalidade feita realidade de estadia neste tão longe país do meu próprio país. Susto, medo, desespero, tudo me passou nas fracções de segundo seguidas da realidade do dito ter sido feito desaparecido e separado da minha pessoa. Tudo passou por mim e tudo acabou ali, a noite com certeza que os ânimos não deram para mais. Mais tarde resolvi o problema com uma rápida ida a Portugal em Campo Alegre ali perto do Palo Grande aqui em Caracas. A embaixada resolveu tudo que estava de novo num país onde as coisas parecem funcionar. Uma semana mais e o novo estará nas minhas mãos – a aventura continua quase sem problemas!

Veio o Natal, a consoada do dia vinte e quatro de dois mil e nove e a mais estranha (no mínimo) desta minha curta estadia no mundo. Foi passada em casa de portugueses da Madeira que já não portugueses (a falta de bacalhau assim o provou), sogra do meu tio, cinquenta anos na Venezuela, espanhol ainda arranhado e português esquecido (o Portunhol é sem dúvida alguma uma linguagem que mesmo não oficial – EXISTE). Pernil, Perú, Aguacate, Papas, e uma mistura de comidas que apesar de agradável não se fazia natalícia. Até o vinho foi esquecido! Vil pecado este de esquecer vinho em tal tradicional noite. Não o esqueci eu e o vinho existiu e invadou-me na noite de consoada. Um tinto Chileno seguido por um Argentino e o amor a estes vinhos a ser mais uma vez consagrado. As palavras fluiam naturalmente e com mais um dos milhares (milhão?!?!) de portugueses irradicados neste país construí um bom serão de conversa até lá para as duas da matina. Hora em que com o meu primo seguimos a encontrar alguns amigos e a conversa continuar. Consoada estranha para mim mas que de facto se fez sentir por breves instantes. Afinal o Natal também existe no meio deste calor tropical!

Acordar tardio este do dia vinte e cinco e dia de Natal! E se a consoada se aproximou da minha ideia natalícia, já o dia vinte e cinco distanciou-se em tudo o que podia ser. Não houve botas ou sapatos novos com calças a rigor e bem quentes, houve calçoes de praia e chinelos de dedo. Não existiu camisola de lã e cachecol com o casaco a esconder o frio mas existiu camisa de manga curta aberta até ao umbigo e chapéu a proteger o meu novo corte de cabelo (não foi máquina zero mas quase). Quando dei por mim estava já eu montado na camioneta do meu primo Ricardo, 12 anos em Caravalho no meio das pernas, copo na mão e nós a caminho de Higuerote e as suas respectivas praias (paradísiacas em tudo e em nada que de cheias de gente se faziam apenas um normal sítio de aglomerados de gente – ódio às massas – já lá vamos). Eramos um grupo de oito pessoas e uma pobre miúda ali no meio de sete adolescentes (eu incluido que sou mais criança que todos eles juntos) a caminho da praia. No dia vinte e cinco e devido à hora tardia a que chegamos a Higuerote ficamo-nos pela piscina do club, e aí entre conversas relaxadas e em nada a ver com o Pai Natal nos deixamos ficar. O resultado foi uma cabeça rachada – a minha! Num mergulho mais perfeito e digno de 9.8 nuns quaisquer jogos olimpicos, acabei com a física da minha cabeça no fundo da piscina e uma cuca na cabeça. Nada de especial, sem pontos e apenas um pouco de encarnado pela cara. A noite fez-se larga e com álcool em demasia para alguns de nós (não eu – vos juro!) e a manhã tardia como sempre. A tarde foi na abarrotada praia que mesmo assim me encheu os olhos com as pernas idílicas que por lá se passeavam, como gosto, como amo uma bonita mulher na praia. Sento-me e nem um livro abro porque não se pode distrair a vista senão com os desproporcionados comentários proferidos em múrmurios sobre toda a felicidade que essas mulheres poderiam trazer ao meu mundo! Mais uma noite de gentes, e salsa, e mais merengue e reggaeton que este manda a dança e mais um copo de ilusões e felicidades e mais conversas idiota e tudo o mais para no dia seguinte e domingo dia sempre santo regressar a Caracas com uma ressaca descomunal da vida esta minha.

Entre domingo e segunda-feira dia vinte e oito de Agosto (e a gente com o Dezembro, já começam a irritar!) foi um belo prolongado sono e quase não interrompido. Terça-feira, dia vinte e nove de Dezembro do quase findo dois mil e nove e nós a caminho de Camatágua, a fugir da costa e em direcção ao interior. Três horas de viagem que deram tempo para corromper um policia que pela razão de apenas lhe apetecer a nossa companhia, queria-nos ali à espera do pai do dono do carro que teria que vir de Caracas para levantar o mesmo. Quase que chorei com a vontade que tinha de entrar de mão fechada ao brilhante sorriso de tamanho filho da puta. Fiquei no carro, quieto e calado. Desespero meu este de continuar com ódios ao mundo. Chegados a Camatágua, chegados à quinta onde iriamos pernoitar, esta com criação de avestruzes e propriedade do pai de mais um dos muitos amigos aqui criados. Noite ao lado do tanque quase piscina (no dia seguinte foi mesmo piscina – esperem, nessa noite foi mesmo piscina) com parrilla de avestruz! Um grande churrascada com aquela carne que em sério vos digo me transportou a Alvarenga. Quando lhe metia os dentes, a facilidade com que estes se enterravam naquela manteiga diga carne, grossa e salpicada com um pouco de sal, macia, suave, de lento mastigar, olhos fechados, a sentir a carne, o sabor que se propagava pela boca toda e me enchia a alma de euforismo. Caramba, quase que tenho os olhos cerrados a pensar naqueles momentos daquela carne. Era simplesmente divinal aquele petisco acompanhado por uma ensaldada de aguacate mais um pouco de plátano e yuca e regada (sou um pecador pelas seguintes palavras) com ........ cerveja. Existem pecados que nãose perdoam e este é um deles, não havia vinho vos juro, deus perdoa este povo que todavia não descobriu o sabor de um bom copo de tinto. A noite larga e larga até largas horas, com o rum sempre presente (não sei se do rum, se da coca-cola a terminar o Cuba Libre mas começo a enjoar tal bebida), entradas pela piscina feita tanque (ou vice-versa) a refrescar os ânimos nada alterados e eis que termino a noite deleitado na rede que levei na mochila e pendurada ali entre duas àrvores de manga.

O dia começou cedo para mim que cedo me meti na piscina (era mais piscina que tanque), vesti umas calças, enfiei umas botas e enquanto todos dormiam meti caminho ali por uma volta ao redor. Redes a separarem os casais de avestruzes que segundo o Sr. Nava estão em época de acasalamento e por isso a pouca quantidade das mesmas (umas trinta e cinco). Atrás dos terrenos dos animais apenas uns valentes hectares de árvores e árvores de manga. Caminhei e caminhei por ali adentro e voltei. Meti-me na piscina outra vez e deitei-me ali a secar ao Sol. O resto do dia foi igual, metidas e saidas da piscina, cerveja, mais carne e mais carne e mais carne que comi que me fartei para no final da tarde voltar para Caracas. O dia seguinte iria ser de fim de ano.

O dia de fim de ano foi como o dia vinte e quatro, consoada de trinta e um em casa do meu tio Vitor (o bacalhau mais uma vez a faltar e eu quase em desespero) e depois festa em casa de uma muchacha aqui pela zona de Vista Alegre. Entrei no ano de forma descontraida a pensar que este largo Agosto estava a ser de pinga.

Dois dias depois, arranco para Chichirivichi e suas respectivas praias com o meu tio Vitor, tia Mary, primita Victoria e primo Victor e uma mais amiga dos meus tios. Foram três dias de relaxada leitura ao Sol com o resultado de um bom moreno para começar o ano. Conversas ao jantar, caminhadas ao luar, conversas ao pequeno almoço, dias de praia e muita mas muita leitura.

Aqui vos digo meus caros como passei um Natal em Agosto e como entrei no novo ano este de 2010, a ver o que me espera – AH! Brasil agora é o que me espera dentro de três dias!



Passagem de ano com a malta do costume. Panas!!!

Passagem de ano com primo Victor

Tio Victor - palavras para quê?

Pequena prima Victoria, Daniel e Ricardo.

Camatágua - Ensalada, Avestruz e Chouriça de sangue

Camatágua - A jogar bolas Críoulas

Camatágua - Richard, Alejandro, Bethania, Diego e Gil

As primas do Alejandro

Familia Nava e amigos

Aldeola em Camatágua e a tristeza de uma igreja colonial destruida

Gil e Avestruz

Camatágua - Alejandro e paragem de abastecimento de caña!

Camatágua - Carlitos, Diego e Alejandro

Higuerote - Ricardo e Diego


Gil e arrumador de carros em Higuerote

Higuerote - Angylexis, Michel, Fran, Diego, Eduardo, Ricardo, Richard e Gil

Higuerote - Cuca na cabeça.

Higuerote - Abastecimento

Higuerote - Angylexis, Ricardo e Gil

Consoada de vinte e quatro com amigos!