terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Um toque de Natal...

Rachei a cabeça, roubaram-me o passaporte, estou com diarreia, a sopa é a única coisa que consigo comer, não consigo organizar-me e racionalizar direito com o bombardeamento de acontecimentos, Brasil só depois de dia quinze e ainda me parece Agosto.

Deixem-me chegar destas três viagens pela Venezuela nos próximos quinze dias e explico tudo num longo e pensativo monólogo de como quando tudo corre mal é sinal que tudo vai pela melhor!

Passaporte novo a caminho não se preocupem!

Sem dúvida o mais louco Natal de sempre (e a gente a dar-lhe com o Natal em Agosto).

sábado, 19 de dezembro de 2009

Rumba

Mentem-me as luzes da cidade que se dizem natalícias, metem-me as pessoas com a alegria do aproximar do Natal, mente-me até o tempo que se diz Dezembro e eu sem sentir Dezembro, sem sentir frio, sem sentir o Natal com ele a rodear-me, a bombardear-me por todos os lodos, trezentos e sessenta graus à minha volta. Mentem-me os boboneros que não são mais do que vendedores ambulantes e que invadem qualquer mais pequeno canto da cidade impossível de Caracas. A cidade a vê-la como Natal seria vê-la da mesma maneira o ano inteiro já que tudo o que me mente, mente à cidade o ano inteiro este espírito que me dizem ser natalício. Os morros da cidade não são mais do que enormes árvores de Natal enfeitadas durante todo o ano com os milhões de pontos que são as luzes acesas vinte e quatro horas por dia. Excepto claro quando esta electricidade é cortada nos racionamentos exagerados com desculpas de consumos exagerados e apenas às pessoas que em exagero nada têm. Vivo a mentira do Natal neste momento e como tal não vou contar uma história de Natal já que este ano Natal não vou viver, apenas prolongar o meu Agosto por mais um mês que já vai entrar no quinto.

Conto no entanto histórias de rumbas, de festas, de paródias entre amigos que de prematuros já se fazem sentidos, conto histórias minhas que faço a história de um país, uma cultura, um clima e uma maneira de ser impossivel aos meus olhos que me minto dizendo que assim sou. Tudo é festa neste pais, tudo se faz em festa e em festa vivo estes derradeiros dias no país impossivel e longe do meu Natal. O trabalho nessa tal arepera continua quase sem dias de interrupção. Nas horas dessa mesma interrupção canso o corpo em demasia e quase em total fadiga que não me dá mais do que a habilidade de escrever estas palavras. Li uma vez que a mente cansada, embriagada, alterada apenas é a mente mais exposta, a mente que não mente e nesse sentido procuro descrever o que por mim se passa. Daqui advém a minha desculpa por poucas palavras neste sitio e que uso sem sentimento algum de culpa. Vivo e PONTO. Desculpem apenas o egoismo que não é sentido em verdade vos digo. A forma de ver o mundo já a aprendi, mas a forma de o dizer está a milhas de palavras de distância de o conseguir fazer como gostaria. Martelo letras apenas, sem desculpas que eu de culpado tenho tudo!

De festas vi muito nesta minha curta vida, sou uma pessoa de festas, como já dito sou de exageros e nada melhor para o demonstrar como uma boa festa que é não mais uma mentira de exageros, um escape de nada que é a nossa mente que quanto mais de festas mais vazia se torna, eu inclusive e assim o continuo a fazer que mais do que mentir a mim mesmo, minto ao mundo a mentira que sou. Sou de festas e nunca na minha curta vida encontrei festas como estas as latinas. É do calor digo eu, é das gentes cheias de calor que procuram o refresco em tudo menos naquilo que lhes baixa a temperatura corporal, pelo contrário, procura refrescos em tudo aquilo que lhe sobe a temperatura, o rum, o whiskey, a cerveja, a dança, sim a dança que sempre colada a outro corpo, a dança que alegre, que mexida e os club’s que não dão mais do que a oportunidade da dança de dois corpos fundidos, promovem a promiscuidade e alimentam o sexo mútuo. Que inveja a minha de na minha velha Europa não ter este tipo de promiscuidade, temos a dita mais acentuada na nossa mente mas nos corpos, nos corpos falta-nos promiscuidade, falta-nos quebrar a cruzeta enfiada nas costas, falta-nos o merengue ou a salsa sem que esta seja pormenorizadamente ensinada, falta-nos os pés a explodir de naturalidade, falta-nos deixar a vergonha num canto e cumprir com o nosso verdadeiro destino de promiscuidade, falta-nos deixar a mente invadir o corpo que essa sim é promiscua em demasia. E eu agarrado a uma morena, com os seus seios pegados ao meu peito, a sua respiração no meu pescoço, os meus lábios na busca dos seus que os encontram por certo nem que seja na sua fuga dos meus. E os seios colados ao meu peito com a mente a tentar controlar os pés na dança nunca conseguida de não lhe massacrar os pés. E a respiração ofegante, a música cheia de música, o rum a subir à cabeça – dos dois. E a minha voz que não em espanhol, não em português, não em anda que não o desejo dos lábios dela. A música passa, a companheira roda e a dança sempre a mesma na mesma dificuldade do controle dos meus pés com a sintonia dos meus lábios na busca de algo mais do que a voz que nada diz. Paro, olho à minha volta, refresco-me mais uma vez com as chamas quentes que me invadem o corpo, o gelo toca os lábios mas fica de fora, o Cacique ou a Santa Teresa, tudo devidamente destilado escorrega pela garganta enquanto aquece a alma e tudo desfoca, as luzes que iguais em todo o mundo, as paredes ou as televisões de imagens repetidas de iguais, sem diferença alguma. Mas as gentes, as gentes parecem deslizar no meio da pista, sempre nunca demasiado coladas, apenas fundidas! E deslizam, deslizam, deslizam e eu sonho com o deslizar que nunca consigo mas que tento, e eu que vivo uma extravagância do meu ser mentido que é esta mentira das festas que afinal o são em todo lado mas que ao fim, aqui, a mentira é menor, é a sinceridade dos corpos mostrada no maior decote jamais visto com os seios colados à camisa adversária no constante jogo que é este das pessoas. Não existem falas, não existem vozes, existe apenas a música cheia de música e de dança e corpos fundidos, existem erecções e sentimentos fogazes, precoces claro mas sentimentos, sem nada mais do que corpos mentidos a atrapalhar porque nós gostamos de nos atrapalhar no jogo das pessoas, parece que precisamos de um estorvo pelo caminho e aqui no meio de tanta mentira encontro a sinceridade do jogo das pessoas, porque afinal de contas, a descoberta é feita por experimentação e nada mais do que isso, porque afinal as emoções são para serem jogadas num tabuleiro em que as peças são as verdadeiras pessoas, tabuleiro que nunca de xadrez porque as movimentações podem ser em todos os sentidos, desde claro que obdeçam aos tempos da música cheia de música. E eu embriagado, com o rum apenas tocado mas com a alma embriagada dos suores do corpo pegado ao meu, drogado com a sua respiração, excitado com os seios e a boca e as mãos e a pele e tudo o que seja movimento contrário à minha dança. E pergunto-me quanto vale tal agradável e saudável promiscuidade, e por uma garrafa de rum tenho-a toda que é o prémio à flanela mais molhada, e por fim ao corpo mais desnudo e que sem sentido que naquele estado a garrafa já estava vazia mas que é renovada. O meu sorriso, o meu sorriso! A minha alegria torna-se demasiado incontrolável que os exageros mostram tanto e eu vejo tanto com os exageros, juro por minha honra que adoro os exageros (meus e dos outros) pelo o que me fazem vêr, ou viver. E a rapariga pá! Acabou com os enormes e molhados seios ali à minha frente, sem nada para os cobrir e eu sem tocar que os braços não alcançam três metros (sim, eu tentei), mas a vista plena de alegria que é a de ver dois belos seios de uma mulher!

Acabo a noite completamente exausto, fatigado do corpo e da mente, não entendo, vivo sem entender, disfruto com a corrente, mas no fundo a minha mente que é sem dúvida mais promiscua de todas não entende a promiscuidade dos corpos mas que a disfruta sem dúvida. Eu consigo ver muito, mas não consigo explicar nada. Uma vida tem muitas noites mentirosas e quentes, e essas mesmas noites têm ainda mais momentos ainda mais mentirosos e quentes. Perdi-lhes a conta mas recordo-os a todos (por vezes das bocas dos outros que com repetição me digo exagerado em tudo menos na memória). O Natal em trinta e três graus de temperatura é sem dúvida um Natal diferente, que afinal é o mesmo de todo o lado! Um bom momento para com os meus, este ano vai ser Natal em Agosto, não, este ano não existe mais do que um Natal de brincadeira, como todos aliás.

Kris, Gilinho, Loura que não sei identificar


Carlitos, Brahein, César, Richard, Vanessa, Gilinho

Merengue com Maria Fernanda e Gilinho

Merengue com Maria Fernando e Gilinho (Richard e Ricardo em plano de fundo)

Bethania, Gilinho, Ricardo, Maria Fernanda, Vanessa e Richard

"Club One"

Bethania, Gilinho e Vanessa

Outra loura que também não sei identificar, Gilinho e outra Vanessa

Johana, Catherine, Leonardo e Gilinho


Gilinho e cambada de loucos (literalmente) que não sei identificar